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Conselho Regional de Medicina reclama à OAB por advogada dar curso sobre violência obstétrica em São Paulo

Um curso online que ensina a mulheres o que é violência obstétrica e parto humanizado, quais os direitos das gestantes e como denunciar abusos suscitou a fúria do Conselho Regional de Medicina de São Paulo. A entidade enviou um ofício à Ordem dos Advogados do Brasil no estado, pedindo que as “providências cabíveis” sejam tomadas contra a advogada que ministra a oficina.

No documento, assinado pela presidente do Cremesp Irene Abramovich, o conselho afirma que o curso “tem o intuito de instigar as mulheres a denunciarem os médicos especialistas em obstetrícia e pediatria, por supostas violências obstétricas”. De fato, as aulas pretendem ajudar gestantes a identificar violações de direitos e denunciar os maus profissionais que as cometem – o que não deveria ser um problema para o conselho responsável por fiscalizar a conduta médica.

O Cremesp alertou que a advogada “afirma que, com os conhecimentos por ela transmitidos em seus cursos, a mulher não mais sofrerá violência obstétrica, porque saberá como se defender!!”. O órgão segue, contudo, sem elucidar por que isso seria algo negativo, afirmando apenas que “a ofensa ao profissional médico é evidente”.

O conselho pede, então, que OAB aja “diante deste grave cenário”. Como resultado, a ordem notificou a advogada para prestar esclarecimentos até o final do mês, sem indicar que falta ética ela poderia ter cometido.

Liderado por Abramovich, o Cremesp segue os passos do Conselho Federal de Medicina ao atuar para cercear o direito das mulheres a um parto seguro e para negar a existência da violência obstétrica. Em 23 de outubro de 2018, o CFM afirmou que o termo é “uma agressão contra a especialidade médica de ginecologia e obstetrícia” que leva à “demonização” da obstetrícia.

Os dois conselhos escolhem ignorar que 45% das pacientes atendidas na rede pública e 30% das atendidas na rede privada sofrem violências no parto. Agem como se fosse seu papel defender a categoria independentemente dos abusos que alguns médicos possam cometer. E, ao que parece, assumem agora a incumbência de perseguir até profissionais do direito que ousem alertar às mulheres dos riscos que correm ao parir no Brasil.

Fonte: The Intercept Brasil. Leia matéria completa.

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